terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A EDUCAÇÃO DE SURDOS E SUAS ABORDAGENS

(Este texto é composto de partes do meu livro "Cultura, poder e educação de surdos")

No Brasil e no mundo ainda tem grande força a abordagem educacional oralista. Oralismo é o nome dado àquelas abordagens que enfatizam a fala e a amplificação da audição e que rejeitam, de maneira explícita e rígida, qualquer uso da língua de sinais. Assim, “o oralismo tanto é uma ideologia quanto um método” (Wrigley, 1996, p. 15).



CONTRIBUIÇÕES PARA UM PROJETO PEDAGÓGICO PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS





A educação de surdos demanda projetos políticos que subvertam a ordem da dominação e da subjugação às quais os surdos historicamente têm sido submetidos. Mas, não se trata de traçar projetos para eles, ou de entregar-lhes projetos de “libertação”. Trata-se de ressaltar o direito que os surdos têm a projetos políticos segundo os seus interesses, bem como de destacar a potencialidade dos surdos em participar da construção destes projetos. No entanto, creio que, na construção de um projeto político-educacional, alguns aspectos não podem estar ausentes, e, cada um deles significa o início de uma nova e diferente “política”:





quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

POEMA PARA MINHA FILHA SURDA


Profa. Dra. Nídia Limeira de Sá
(Fiz este poema quando aprendi que a Língua de Sinais fazia bem aos surdos)

QUISERA TRADUZIR
Quisera traduzir o que dizes
Com teu jeitinho matreiro.
Quisera entender o que falas
Quando de mim tu esperas
Uma boa explicação.

Quisera entender o teu gesto,
Esse sinal tão simpático,
Dessas mãozinhas pequenas,
Dessa expressão tão profunda,
Que do coração pequenino
Falam de grande intenção.

Quisera gravar meu caminho
Para que no futuro tu visses
De onde parti e onde cheguei,
Mas, destacar as certezas
Que a vida, enfim, me mostrou.

Quisera transmitir minhá fé
Para que juntas possamos
Chegar ao “Mais que Perfeito”

Quisera poder te falar
Quisera, meu Deus, quem dera!
E a mim me ocorre (pudera!):
Quando entenderá meu “Quisera”?

DISCURSO como Paraninfa do Curso Letras/LIBRAS - Pólo UFAM




 21 de fevereiro de 2011


Vou começar este discurso fazendo uma grande maldade com o(a) intérprete!

Começarei lendo um poema que escrevi há muito tempo, quando minha filha era pequenininha...

Eu não sou poetiza, mas, certa vez escrevi um poema... o meu primeiro poema.

Escrevi para minha filha. Ela está aqui na platéia, e talvez esta seja a grande oportunidade para que ela entenda melhor o que eu queria dizer quando o escrevi, pois, como eu não sou profunda conhecedora da LIBRAS, minha escrita em Língua Portuguesa talvez não alcance a minha filha, nem aos demais surdos, como eu gostaria de alcançasse... mas, com o trabalho do intérprete, o poema em LIBRAS ficará mais claro, mais tocante para eles.






DISCURSO como Paraninfa do Curso Letras/LIBRAS - pólo UFBA



Dezembro de 2010

“Não é sempre que se pode ter o direito de tomar a palavra: há de haver uma qualidade ou categoria que possibilite esse uso”. (De Gimeno, A Nova Retórica, 1986).

Traduzindo melhor: não é qualquer pessoa que pode falar num momento especial, não é qualquer pessoa que pode ter o direito de comunicar algo num momento sublime, este direito de “falar”, ou melhor, de “comunicar algo importante” não é para qualquer pessoa. Este direito só é dado a pessoas muito especiais, que têm alguma “qualidade”, alguma coisa importante, algum acontecimento que lhe deu o direito comunicar algo, como estou fazendo aqui, agora.

Fico imaginando: por que eu tenho o direito de tomar a palavra, de comunicar algo, de estar aqui diante de vocês para proferir um discurso como paraninfa desta primeira turma do curso Letras/Libras?

Será que é por que eu fui a primeira coordenadora deste curso? Acho que não, porque isto qualquer pessoa poderia ser... Penso que ganhei este direito de estar aqui na frente, hoje, porque eu entendi algumas coisas e consegui provar para vocês, formandos, que entendi e me comprometi com coisas importantes.

Convivendo com os surdos, e estudando a educação de surdos, eu entendi que:

a)    Os surdos são pessoas iguais a quaisquer outras, são pessoas normais, com os mesmos problemas, dificuldades, projetos, esperanças, sonhos....

b)    Os surdos são pessoas inteligentes e criativas que lutam para vencer obstáculos da comunicação e que, para isto, criaram uma língua plena, interessante, bonita... com a qual podem expressar todo o seu mundo interior e com a qual podem fazer uso da capacidade humana de comunicar-se inteligivelmente e trocar experiências com o outro humano.

c)     Entendi que a língua de sinais é a língua natural dos surdos, é o artefato mais importante de sua cultura.

d)    Entendi que os surdos são pessoas que apreendem auditivamente o mundo por meio de uma leitura visual do mundo.

e)    Entendi a importância de uma abordagem educacional que considera a identidade, a língua e a cultura surdas como eixo fundamental.

f)      Entendi que os surdos foram “silenciados” por tanto tempo, sofreram até mesmo violência institucional contra sua língua e cultura.

g)    Entendi que os surdos formam um grupo linguístico e cultural minoritário, socialmente excluído que não tem espaço garantido para que seu discurso seja conhecido, divulgado amplamente.



Talvez pelo que entendi tenho o direito de estar aqui, mas, assim, não sou apenas eu que poderia estar proferindo este discurso, mas tantos outros ouvintes: amigos, professores, pesquisadores, intelectuais ou técnicos, que, como eu, entenderam que cabe a nós, profissionais da educação, contribuírem para que existam mais e mais momentos de discussão, onde as visões dos surdos, seus argumentos, suas razões, tenham mais e mais peso e poder.      

          Esta turma do pólo UFBA é uma turma diferenciada, pois, dos nove pólos que foram criados em 2006, foi a única turma, de todo o Brasil, em que havia mais ouvintes que surdos. Foi difícil para nós, ouvintes, no início, entendermos certas coisas que hoje entendemos. Por exemplo, houve um momento em que os surdos reclamaram que nós, ouvintes, usávamos tanto a nossa língua oral na sala de vídeo-aula e no laboratório, que até parecia que aquele não era um curso de LIBRAS. Muitos de nós, ouvintes, reclamamos e dissemos que, o mesmo direito que os alunos surdos tinham de usar a LIBRAS, nós, ouvintes, tínhamos de oralizar. Mas, a Língua de Sinais saiu vencedora, pois só depois aprendemos que estávamos perdendo uma grande oportunidade de transformar o espaço dos encontros dos alunos em um rico ambiente lingüístico cuja existência só beneficiaria aos ouvintes. Aprendemos, portanto, com a convivência, com o respeito ao outro. 

É por isto que a professora Rosa Silveira (no livro Caminhos Investigativos) diz que “as palavras que nós usamos estão sempre marcadas pelo OUTRO” (1996). É verdade... Nós, ouvintes, que convivemos com os surdos na busca pelo conhecimento sobre as Letras e sobre os sinais, fomos marcados uns pelos outros.

A Universidade Federal de Santa Catarina fez história no Brasil, ao acreditar numa equipe de profissionais que se atiraram a fazer o inusitado: criar um curso completamente novo, que não tinha de onde copiar... Um curso que estudaria e língua e a cultura dos outros – estes outros (surdos) outrora ausentes da academia. Não havia no Brasil um curso de graduação que se detivesse a estudar a Língua de Sinais, nem havia tampouco surdos doutores nem mestres. Mas, esta já não é mais a realidade brasileira. Já vários cursos de graduação e de pós-graduação se debruçam sobre a LIBRAS e já diversos outros surdos estão contribuindo como profissionais em Universidades brasileiras. Tudo isto se tornou realidade porque o Brasil começou a conhecer os surdos e a entender melhor que existem as línguas de sinais e as culturas surdas.

Como sabemos, a linguagem humana abre possibilidades para a criação e a transformação da cultura, portanto, a cultura surda, outrora desconhecida, hoje está conseguindo ser divulgada, ampliada e respeitada.

Continuamos num movimento de luta a favor do uso irrestrito da Língua de Sinais, e aqui se formam hoje PROFESSORES, surdos e ouvintes, de LIBRAS.

Professores de Libras têm mais que a missão de ensinar Libras – têm a missão de ensinar a ensinar surdos, a missão de ensinar professores e estudantes, surdos ou ouvintes, a ensinarem surdos verdadeiramente, não como quem faz o pacto da mediocridade: eu finjo que ensino e você finge que aprende – pois foi isto que aconteceu por tanto tempo no Brasil.

Vocês estão agora legitimados socialmente como PROFESSORES DE LIBRAS. Professores de Libras surdos e professores de Libras ouvintes. Certamente os professores de Libras surdos terão uma experiência e os Professores de Libras ouvintes terão outra.

Uma vez agora PROFESSORES DE LIBRAS, penso que vocês precisarão construir uma história, construir a educação de surdos no Brasil e construir sentidos para a disciplina LIBRAS que está nos currículos mas que ainda não está suficientemente definida em seus objetivos pedagógicos. Visitem o futuro nos seus sonhos e decidam viver lá...

Assim, penso que mais que ter o DIREITO de tomar a palavra, tenho o PRAZER, a ALEGRIA de tomar a palavra, de falar algo para vocês

Quero dizer-lhes que não desistam, continuem a estudar, a pesquisar sobre este interessante povo surdo.

 Ouvintes: Continuem a ser parceiros nesta luta para que os surdos tenham seu lugar neste mundo do trabalho.

Surdos: Continuem a nos ensinar sobre vocês, sua língua e sua cultura.

E que Deus os abençoe a todos, pois eu sei que Deus gosta dos surdos, pois, afinal, ele os fez como vocês são: perfeitos surdos!

Profa. Dra. Nídia Limeira de Sá

POEMA QUE FIZ PARA F. CAPOVILLA



PRESENTE

Para Fernando Capovilla, que muito tem contribuído para a área da Educação de Surdos.
Em 16.03.11. Manaus – AM.
 

Eu tenho um amigo que vive o presente: 

O presente da vida,

O presente do homem,

O presente de Deus.

Eu tenho um amigo que vive o presente 

Como se não houvesse o futuro...

Mas sabe que há, por isto age.

Vive o presente como se a vida fosse fugaz (como é).

Vive o presente como se a eternidade estivesse aqui (como está).

Eu tenho um amigo 

Que sempre confunde presente com presente,

Por isso vive intensamente,

Como estivesse recebendo uma dádiva a cada instante.

Eu tenho um amigo que crê no futuro, por isto tem pressa.

Tem pressa porque tem próximos,

Tem pressa porque tem olhos,

Tem pressa porque tem mãos, porque tem coração.

E que grande coração! 

Que respeitoso coração!

Se dá e se gasta para ganhar ao menos alguns.

Mas, como nunca está sozinho, 

Segue com pressa,

Como se entendesse a pressa de Deus 

– Que é O Maravilhoso Presente!








sábado, 17 de dezembro de 2011

QUESTÕES A PROPÓSITO DE UMA AVALIAÇÃO INTERATIVA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NA EDUCAÇÃO DE SURDOS


Este texto encontra-se publicado na revista eletrônica Dialógica, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas. Vol. 1 N. 6. ISSN 1809-9041. http://dialogica.ufam.edu.br/expediente.htm

Prof. Dra. Nídia Limeira de Sá

Este artigo comenta a tradicional prática avaliativa de rotular estudantes, a qual conduz a classificações, comparações, reduções, por meio de uma avaliação estática e psicométrica. Diz que na Educação Especial tradicionalmente a avaliação continua medindo performances, utilizando procedimentos padronizados visando avaliar o desempenho dos educandos tomando como base um grupo “médio” (um grupo idealizado). Traz contribuições de Feuerstein e Vygotsky para a análise das práticas avaliativas. Diz que nestes dois autoreso objetivo da avaliação  é a superação, não apenas a identificação da dificuldade; em ambos o paradigma é a troca, a intervenção. Fala da Experiência de Aprendizagem Mediada, de Feuerstein, e do postulado teórico da Compensação, em Vygotsky. Conclui que, caso se entenda que avaliação e educação não são momentos isolados, mas dois processos mutuamente relacionados, pode-se propor uma avaliação mediadora e interativa, e que a “boa” avaliação é a que dinamiza o processo do conhecimento, dinamizando oportunidades de ação-reflexão.

UM OLHAR SOBRE A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

             Escrevi este texto homenageando a minha amiga e reitora da UFAM Márcia Perales, que é amante da Extensão.

           A academia tem deixado a desejar em algumas áreas. É tão bem treinada no discurso e nos projetos pessoais, mas ainda mantém-se bastante distante das áreas de colaboração prática. Precisamos questionar a participação da comunidade científica nas questões mais urgentes da vida social. Em minha opinião, a academia detém uma grande dívida principalmente para com os marginalizados sociais. A Universidade, bem como as Instituições de Ensino Superior em geral, devem agir em direção a um compromisso público com a maioria que lá não está (mas que as sustenta, no caso das IES públicas).



POEMA QUE FIZ PARA HILMA RANAURO



Ilustríssima Hilma.

Brava. Valente.
Um dos meus presentes favoritos.
Presente que Deus me deu.

Seu nome carrega uma estrelinha
Na lista dos melhores discursos,
Na lista dos marcantes encontros,
Na lista das minhas amizades eternas.

Encho a boca para falar dela,
Encho o peito para lembrar dela,
Encho os olhos de lágrimas... de saudade.

Ela me ensina,
Ela me anima,
Ela me honra.
 
Ilma. Hilma!


MEU MEMORIAL APRESENTADO PARA CONCURSO NA UFBA


Este Memorial é dedicado
à minha filha Nívia,
que ainda não pode dimensionar
como foi importante na minha vida, e
a minha família,
que me tem dado um gosto bom de viver.

O ECO
 “Que fazes tu sobre a terra? E o eco responde: Erra!”   Castro Alves

O que posso fazer se, a vida, a glória fez-ma
rotineira, a ilusão não muda, é sempre a mesma?
Que fazer se o prazer é sempre essa utopia
de um minuto feliz?! A maior alegria
é ligeira e fugaz como uma gargalhada,
... inunda a sala e cessa e volta para o nada?...
Que fazer para ter alguma recompensa?
Mecânico e fatal o eco responde... pensa...

Pensar? como pensar? perder a mocidade
no egoísmo sem razão dessa unitilidade...
Pensar apenas? não teria acaso um fim,
pensar, pensar, pensar, pensar... de mim e para mim?
esgotar a existência em um plano ilusório,
sozinho usufruir da paz de um escritório?
Quero menosprezar a vida dissoluta...
Mecânico e fatal o eco responde:... luta...

Lutar... por que lutar... ver bandeiras ao vento,
tambores e clarins, galões e fardamentos,
ver sangue a jorrar em vis revoluções,
ver Césares, Pompeus, Felipes, Napoleões?...
Lutar... por que lutar, se essa glória que embriaga
tem o brilho na aurora e no poente se apaga?...
Quero mais, muito mais... Quero a brisa que inflama!
Mecânico e fatal o eco responde:...ama...

Amar... amei a vida e a vida é tão ingrata...
“Traz o pó que alimenta o micróbio que mata”...
Não, de modo nenhum, permaneço na teima...
“a fogueira que aquece é a mesma que nos queima”.
Amar... de que nos vale amar, se o amor é vário,
se ao beijo tem seqüência as dores do calvário?...
Quero fugir do mundo e procurar a calma...
Mecânico e fatal o eco responde: Alma...

 Alma... quando escutei esta palavra, quando
meditei, vi que havia uma força operando
além da compreensão ... vi que o meu ódio acerbo
era a minha impotência ante o mando do Verbo.

Quando, porém notei que a paz aurifulgente
está em nós firmada... algo puro, inerente
ao nosso próprio ser... chama viva e sagrada
que opera no interior sem depender de nada;

Alma... quando notei que em meu corpo carnal
morava um universo, uma essência imortal;
entreguei-me a Jesus e, firmado em seu nome,
na vivificação matei a minha fome...
Pensei... Lutei... Amei os meus irmãos.
E agora em mim revive
a encantadora voz do eco bradando: VIVE!                                                                                      Gióia Júnior


INTRODUÇÃO

            Memórias bem guardadas protegem. Memórias reveladas expõem. Difícil tarefa é selecionar o que guardar, o que revelar, o que tentar esquecer. Se se tem a chance de escolher o ouvinte, o interlocutor, tanto mais fácil, mas... se se escreve...


O PROFESSOR DE LIBRAS NO ENSINO SUPERIOR: REFLEXÕES SOBRE A SELEÇÃO E A ATUAÇÃO


SÁ, Nídia Limeira de. O professor de LIBRAS no ensino superior: reflexões sobre seleção e atuação. Anais do 6. Congresso Internacional de Educação. N1, 2009. São Leopoldo: Casa Leiria, UNISINOS, 2009. ISSN 2175-277X


O texto relata as reflexões possíveis à autora a partir de sua experiência em processos seletivos para professores de Libras no ensino superior. Objetiva abordar a legislação pertinente e as especificidades que precisam ser mais adequadamente observadas quanto à seleção e à atuação do professor de Libras, destacando algumas certezas que a problemática aponta, bem como inúmeras incertezas que não estão suficientemente demonstradas no cotidiano do ensino superior. As principais dúvidas tratadas são: Para quê ensinar Libras no ensino superior? O que deve compor a disciplina? Quem há de ser o professor de Libras no ensino superior? Como selecionar o professor de Libras para o ensino superior? Comenta que ainda há no Brasil um grande desconhecimento sobre a legislação e sobre as expectativas do trabalho do professor de Libras. Aponta algumas questões: O que significa incluir uma língua obrigatoriamente no currículo? Qual a importância atribuída aos profissionais surdos como modelos disponíveis de proficiência e de identidade cultural? A escola está disposta a garantir espaço para as manifestações culturais e as formas de expressão do surdo? Conclui dizendo que as marcas culturais e linguísticas que os surdos deixam na escola são facilitadas ou dificultadas por diversos fatores: pelo nível de conhecimento dos professores sobre a sua língua e a sua cultura; tipos de escola disponíveis; competência técnica dos profissionais intérpretes; presença de profissionais surdos; critérios realistas de avaliação; liberdade de expressar suas potencialidades; dentre outros.

PARA ALÉM DA TRADUÇÃO: o caso dos intérpretes de LIBRAS

Profa. Dra. Nídia Limeira de Sá

Um profissional muitíssimo requisitado atualmente é o tradutor/intérprete de Língua de Sinais. Nas experiências educacionais regulares, em que são incluídas crianças surdas, torna-se imprescindível a presença dos chamados “intérpretes educacionais”, pois sua atuação sinaliza respeito para com a condição lingüística específica do surdo.


OS SURDOS, A MÚSICA E A EDUCAÇÃO


Este texto encontra-se publicado na revista eletrônica Dialógica, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas. Vol. 1 N. 6. ISSN 1809-9041. http://dialogica.ufam.edu.br/expediente.htm


Profa. Dra. Nídia Limeira de Sá

Este texto procura mostrar a importância de se considerar o olhar do próprio surdo no ensino de música para surdos. Alerta a que muitas abordagens na Educação Musical desconsideram as marcas culturais surdas, dão a impressão de que se está forçando o surdo a participar de algo que não leva em conta suas características biológicas, que atenta contra sua identidade, que não considera a cultura surda. Defende que o objetivo de ajudar o surdo a conhecer a importância da música há que demandar um trabalho diferente daquele que se realiza com os ouvintes. Defende ainda que os surdos têm o direito de passar por experiências educacionais em grupos de surdos, constituindo estratégias de identificação num processo sócio-histórico autêntico, não comandado. Conclui que “conhecer música” é um direito que os surdos têm, mas que compete aos profissionais da área convencê-los, encantá-los, atraí-los para a importância deste artefato cultural das comunidades ouvintes.



sábado, 10 de dezembro de 2011

OS ESTUDOS SURDOS



Este texto foi publicado na Revista da FENEIS. Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Rio de Janeiro. Ano IV. Nº 15, 2002.


Profa. Dra. Nídia Limeira de Sá
 
Este texto tem a intenção de abordar algumas formas através das quais a sociedade define as identidades consideradas “normais” e as “anormais”, acabando, geralmente, por oprimir um grupo em benefício de outro, pelo uso arbitrário dos poderes e saberes que nela se enfrentam. Destaca a situação dos surdos - um grupo que tem sido definido socialmente, antes de qualquer outra definição possível, como um grupo “deficiente”, “menor”, “inferior” - um grupo “desviado da norma”. Em direção contrária, este trabalho junta-se a vários outros reafirmando um movimento que visa reconstituir a experiência da surdez como um traço cultural, tendo a língua de sinais como elemento significante para esta definição. Refere-se a trabalhos que têm contribuído para os chamados Estudos Surdos.

CONVITE A UMA REVISÃO DA PEDAGOGIA PARA AS MINORIAS


Este texto tenta provocar questões que possam ampliar o entendimento sobre os discursos e as práticas tradicionais estabelecidas quanto à surdez e quanto aos surdos, bem como ultrapassar a mera oposição à visão médico-terapêutica, e, sobretudo, caminhar em direção ao reconhecimento político da surdez enquanto diferença. Parte da necessidade de reconhecer a diferença não no sentido de igualá-la à diferença de outros grupos, numa tentativa de "acabar com" a mesma - ou seja, tentando "normalizar" os surdos - nem mesmo no sentido de dizer que eles sofrem as mesmas limitações e restrições a que estão submetidos outros grupos minoritários, dominados, oprimidos, mas, firmando um "reconhecimento político" da surdez e dos surdos. Esse reconhecimento político se pode traduzir em ações que considerem os direitos dos surdos enquanto cidadãos e o reconhecimento dos múltiplos recortes de suas identidades, língua, cognição, gênero, idade, comunidade, cultura, etc. O tema reveste-se de importância crucial nos dias atuais a partir da denúncia de que as minorias surdas têm sido excluídas do direito de ter sua cidadania plenamente desenvolvida e sua diferença amplamente considerada. A importância desse assunto para a prática e a formulação de políticas públicas é imensa, principalmente pelo fato de que no Brasil há ainda um grande desconhecimento sobre a questão.


PUBLICAÇÕES

LIVROS




Sá, Nidia Limeira de Sá. Angolanidade na educação: Fazeres lúdicos, investigativos e culturais. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2015.

Sá, Nidia Limeira de Sá e Sá, Nelson Pereira de Sá. Escolas bilíngues de surdos: Por que não? Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2015.

Sá, Nídia Limeira de Sá (org.). Surdos: Qual escola? Manaus: Editora da UFAM e Editora Valer, 2011.

SÁ, Nídia Limeira de e LIMEIRA NETO, Antonio. Inclusão social numa geração: missão possível. São Paulo: Editora Naós. 2007.

SÁ, Nídia Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Editora Paulinas, 2006. (terceira edição em 2010)

SÁ, Nídia Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. Amazonas: Universidade Federal do Amazonas, 2002.

SÁ, Nídia Limeira de e RANAURO, Hilma. O discurso bíblico sobre a deficiência. Rio de Janeiro: Editora Muiraquitã, 2000.

SÁ, Nidia Limeira de. Educação de surdos: a caminho do bilingüismo. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Federal Fluminense, 1996.

CAPÍTULOS

Sá, Nídia Limeira de. Revendo as políticas públicas para a educação de surdos na Bahia. In: FREITAS, Soraia Napoleão. Diferentes contextos de educação especial/inclusão social. PROESP. Santa Maria: Palotti, 2006.

Sá, Nídia Limeira de. Discurso surdo: a escuta dos sinais. In: SKLIAR, Carlos (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998. p. 167 – 192.

Sá, Nídia Limeira de Sá. Prefácio. In: AZEVEDO, Omar Barbosa. Uma escola de crianças surdas: diário de pesquisa. Salvador: Couto editora, 2010.

ARTIGOS

SÁ, Nídia Limeira de. O professor de LIBRAS no ensino superior: reflexões sobre seleção e atuação. Anais do 6. Congresso Internacional de Educação. N1, 2009. São Leopoldo: Casa Leiria, UNISINOS, 2009. ISSN 2175-277X

Nídia Limeira de. Responsabilidade social nas comunidades cristãs. Revista Solidária Resgata Brasil. Bahia, 2009. ISSN 2175-6317.

Nídia Limeira de. Os surdos, a música e a educação. Revista dialógica. Revista da faculdade de Educação da UFAM. ISSN 1809-9041. 2008. 
http://www.dialógica.ufam.edu.br/dialogicaV2-N5.html

Nídia Limeira de. Convite a uma revisão da pedagogia para minorias: questionando as práticas discursivas na educação de surdos. In: Revista Espaço, Rio de Janeiro, n. 18/19. Dezembro de 2002 a julho de 2003, p. 87 – 92

Nídia Limeira de. Os estudos surdos. In: Revista da Federação
Nacional de Educação e Integração de Surdos/MEC. Rio de
Janeiro: Ano IV. Nº 15, 2002.

Nídia Limeira de. Fazendo ciência nas ciências humanas: Um olhar sobre a pesquisa verificacionista e a pesquisa interpretativa. Manaus, Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação
da Faculdade de Educação da Universidade Federal
do Amazonas. Ano 6, n. 2. Julho a dezembro de 2001.

Nídia Limeira de. Escola inclusiva: confrontando o paradigma. In: Revista Espaço. Rio de Janeiro: MEC/Instituto Nacional de
Educação de Surdos, n. 7, 1997. p. 29 – 34.